lunes, 7 de abril de 2008

Denunciando represión reaccionaria

O Núcleo dos Advogados do Povo do Brasil (NAP/Brasil) repudia a suja e caluniosa matéria publicada na Revista Istoé n. 2003, de 26 de março deste ano, em que faz ataques à Liga dos Camponeses Pobres.

Trata-se claramente de matéria destinada a preparar a "opinião pública" para legitimar ações de Terrorismo de Estado (incursões de tropas fortemente armadas, perseguições, prisões, torturas e assassinatos) contra trabalhadores que lutam pelo sagrado direito à terra para nela viver e trabalhar. Matérias como essa, assinada por Alan Rodrigues, são parte da estratégia de repressão do Estado e dos latifundiários, que, conforme já se demonstrou em outros casos, destinam vultosas verbas para financiar matérias jornalísticas em níveis local e nacional.

Depois, seguem os "pedidos desesperados de providências", que nada mais são que a senha para as mais violentas agressões aos direitos humanos. Isso só confirma o caráter sanguinário dessas matérias.

O NAP/Brasil denuncia essa prática vergonhosa de "imprensa" e seguirá denunciando nacional e internacionalmente as agressões aos direitos dos camponeses pobres.

Abaixo, segue nota do Cebraspo em solidariedade à Liga dos Camponeses Pobres.


Solidariedade à Liga dos Camponeses Pobres de Rondônia
Nós do Cebraspo nos solidarizamos com a Liga de Camponeses Pobres de Rondônia diante de mais um ataque por parte da imprensa reacionária, desta vez feito pela revista Isto é, de 26 de março de 2008 (nº 2003, ano 31), em matéria assinada por Alan Rodrigues.
Não é preciso estar a par, em detalhes, do que acontece em Rondônia e em outras áreas rurais do país, principalmente na região Amazônica, para constatar o objetivo de matéria tão venenosa, cujo propósito é difamar e descaracterizar uma legítima organização camponesa de Rondônia. E, com isso, desinformar a opinião pública e insuflar a ação repressiva do Estado.
Nós do Cebraspo, que junto com outras centenas de entidades e personalidades nacionais e internacionais acompanhamos o caso do camponês Wenderson Francisco dos Santos - que por quatro anos esteve preso ilegalmente, torturado e mantido em condições subumanas na prisão e que é agora novamente difamado pela dita matéria - conhecemos muito bem as artimanhas e maquinações que têm sido feitas para criminalizar o movimento dos camponeses em luta pela terra, especialmente a Liga de Camponeses Pobres.
A matéria da Isto é é de uma qualidade tão grosseira em suas mentiras e intentos difamatórios, que chega a acusar, sem qualquer tipo de prova, ativistas da Liga de Camponeses Pobres por diversos crimes. Além de fazer acusações gratuitas, também sem qualquer comprovação, sobre supostos treinamentos feitos pelas FARC na região.
A única coisa em que a famigerada matéria se apóia é nas declarações, no mínimo muito suspeitas, de policiais que têm conhecidas ligações com latifundiários, entre estes muitos que já foram denunciados pelos próprios órgãos públicos por grilagem e outros crimes.
Ao mesmo tempo, esta matéria sequer menciona os bárbaros crimes que há decadas vêm sendo cometidos contra os camponeses pobres da região. O Cebraspo inclusive divulgou amplamente o dossiê preparado pela Liga de Camponeses Pobres e entregue ao ministro Miguel Rosseto e outras autoridades do governo (ver dossiê no link: http://www.cebraspo.com.br/Boletins/53/02.htm). Neste dossiê, a Liga já denunciava que "a apuração dessas graves denúncias foi totalmente nula e passados mais de três anos desta primeira reunião com o ministro Miguel Rosseto continuam a ocorrer as mesmas atrocidades contra os camponeses de Rondônia. O governo federal omite-se diante das agressões físicas e morais, perseguições, torturas e morte de camponeses cometidos por pistoleiros a mando de latifundiários; diante de toda sorte de irregularidades como abuso de autoridade, prisões sem mandados agressões físicas e morais e torturas."
Ou seja, apesar do conhecimento dos fatos denunciados por parte dos órgãos do governo nunca foi feita investigação e muito menos os culpados foram punidos. E esta imprensa, que sempre se prestou a este tipo de falsificação e provocação contra a legítima luta dos trabalhadores e camponeses nunca mencionou estes fatos gravíssimos.
Por outro lado, o Cebraspo chama a atenção de toda opinião pública para uma clara orquestração em torno do problema da Amazônia, que vem ganhando há tempos contornos de uma verdadeira campanha por parte dos setores mais reacionários da imprensa. Tal campanha busca defender aqueles que há decadas vêm promovendo uma brutal devastação da Floresta Amazônica – os grandes criadores de gado, os grandes produtores da soja e as grandes empresas madeireiras – que nunca foram molestados. Claro que para fazer a defesa destes que a imprensa classifica de "empreendedores que levam o progresso para a região" esta mesma imprensa teria que encontrar algum bode espiatório para atacar, criando assim uma cortina de fumaça sobre a real situação que há muitos anos, e não apenas hoje vem se impondo na região.
O povo de Rondônia e de toda região amazônica, principalmente os camponeses, conhecem muito bem quem são seus verdadeiros amigos e quem são seus inimigos. E sabem distinguir a ação de órgãos como o Ibama e a polícia ambiental. Que vivem fazendo jogo de cena para a imprensa enquanto acobertam os grandes devastadores e perseguen apenas os camponeses pobres, os pequenos proprietários e as pequenas serrarias.
É neste contexto, que a União Européia, demagogicamente, vem respensabilizando os grandes produtores de soja, criadores de gado e as grandes serrarias pela devastação da Amazônia, o que tem implicado em graves perdas para o lucrativo negócio de exportação de soja e de carne de gado. E revelado o aprofundamento das contradições interimperialistas, visto que o Estados Unidos nunca escondeu sua cobiça pela Amazônia.
Além de todo ódio visceral e permanente deste tipo de imprensa que todo tempo tenta criminalizar de forma odiosa e mentirosa a organização e a luta popular estão em jogo grandes interesses econômicos e toda a política, planos econômico-militares do imperialismo ianque para toda a América Latina.
É preciso pois denunciar estas campanhas difamatórias contra as organizações populares, em geral, e contra o movimento camponês, em particular. Nós do Cebraspo solicitamos a todos os democratas em nosso país que se manifestem contra matérias como esta feitas para justificar novos e hediondos massacres.

Cebraspo – Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos28 de março, 2008

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