sábado, 26 de septiembre de 2015

Sobre a desunião na “esquerda”. Texto de Jailson de Souza, Servir ao Povo de Todo Coração.

 

Sobre a desunião na “esquerda”
Jailson de Souza, Servir ao Povo de Todo Coração.
Das opiniões de uma boa parcela de pessoas ditas de “esquerda” é muito fácil constatar presente um tipo específico de críticas, referentes à cisão e ruptura que há entre os vários setores que se denominam “de esquerda”. Estas pessoas se manifestam contra todos os debates, contra todas as disputas de influência entre várias concepções ideológicas diferentes que se apresentam como “de esquerda” – disputa que é necessária e benéfica –, coisa a que chamam de “discussão/disputa sectária”, que “enfraquece a esquerda” e “ajuda a direita”; como solução, pedem o fim da disputa ideológica entre estes vários setores que se apresentam como “de esquerda” e propõe união de toda a esquerda para construir um projeto de poder “na mão da esquerda”, uma unidade contra “o avanço da direita” e todo tipo de disparates simplistas e reducionistas revestidos de “combate ao sectarismo” e de “união pelo progresso da esquerda”. Vamos aprofundar essa questão.

Nós, como comunistas, constatamos que existem duas definições distintas para a dicotomia esquerda-direita: uma que ganha ampla força desde a queda do muro de Berlim (com a chamada “modernização” da esquerda) e outra que se baseia cientificamente na luta de classes, em suma, uma definição que chamaremos de cívica ou moderna e outra que denominaremos comunista, proletária ou ideológica – respectivamente.

Essa tal concepção de esquerda-direita “cívica” se baseia na seguinte medição: aqueles que são contra as liberdades individuais, preservam valores morais e éticos “conservadores” e, em última análise, mantém políticas econômicas que visam os interesses primários do capital privado em detrimento do bem-estar social, são “direita”; aqueles que são a favor das liberdades individuais, buscam destruir os valores éticos e morais – às vezes não somente os valores conservadores, mas todo o conceito de “moral” – e, também em última análise, preferem uma política econômica voltada ao bem-estar social, conciliando-o com o atual sistema de propriedade, são a tal chamada “esquerda”.

Portanto, segundo essa nova definição distorcida e “moderna” de esquerda-direita, pode-se considerar que os partidos que levam a primeiro plano os movimentos de minoria e a “luta” pelas liberdades individuais, e pregam uma economia destinada ao bem-estar social (independente de ser propriedade privada, imperialista e etc.) são considerados “esquerda”. Por exemplo, o próprio PT e PCdoB e os pequenos apoiadores de turno de seu governo (PSOL, PSTU, PCO, PCB, PDT, etc.) seriam de “esquerda”, porque embora a maioria deles não lute contra a burguesia e sua forma de produzir as riquezas, eles levam em consideração primordial as liberdades individuais ou buscam a conciliação dos interesses de classe (a tal “política econômica que visa o bem-estar social” – buscando domar a indomável ganância da grande burguesia e do latifúndio, além do imperialismo, para conseguir as migalhas suficientes para acalmar o proletariado e os camponeses) – e isso seria o suficiente para se definir “esquerda”, segundo essa visão “moderna” (que alguns preferem chamar de pós-moderna, o que não é totalmente correta, vide que esta lógica já existia antes do fim da URSS e do bloco socialista nos países do primeiro mundo, só ganhando mais força e se expandindo posteriormente a tal acontecimento).

Qual é a origem de classe desse conceito? É de origem burguesa. É uma lógica burguesa que visa criar uma falsa dicotomia que não ameace seus interesses de classe, do qual os partidos dessa tal “esquerda” cumprem muito bem.

Já de acordo com a definição comunista e científica de esquerda-direita, a chamada por nós de definição ideológica para o termo, são outros quinhentos. Sabendo que não há imparcialidade de classe em nada, a lógica comunista para analisar tal conceito é assumidamente proletária e deixa bem claro que vá servir somente ao proletariado e ao cumprimento da tarefa histórica que recai sobre seus ombros (a revolução). A régua-medidora à definição de esquerda-direita para os comunistas é simples: a que classe serve as posições de tal partido/movimento/indivíduo na luta de classes? Se servem ao avanço da revolução (consequentemente, ao proletariado), é esquerda; se entravam a revolução (consequentemente, conscientemente ou não, serve à burguesia), é direita; se é vacilante entre os dois termos, toma uma posição centrista, indecisa.

Por exemplo, há alguns partidos denominados “comunistas” que abusam da verborragia acerca da luta de classes, mas suas posições não servem ao avanço da revolução. Estes, nos momentos cruciais, tomam posições centristas (por exemplo, se unir ao governo lesa-pátria e antipovo do PT, abandonando a posição de organizar as massas para a revolução), portanto não se pode qualifica-los como esquerda, da mesma forma que não são necessariamente de direita: são vacilantes entre esquerda e direita, ocasionalmente, e por isso são centristas. Igualmente centristas são partidos “de esquerda”, que recusam a alcunha de comunistas e que sequer falam da luta de classes e de revolução, mas falam sobre liberdades individuais e bem-estar social: ora tomam uma posição moderada – centrista –, ora uma posição declaradamente direitista (ex. defender a manutenção desta podre “democracia” burguesa-latifundiária considerando-a um modelo imperfeito, mas recuperável, de sistema democrático).

Para compreendermos a dita ruptura da esquerda, a desunião da esquerda e por aí vai, devemos compreender que nem tudo que se declara esquerda assim é, nos termos da política comunista, ou seja, na ótica do proletariado. O que é necessariamente o interesse máximo e histórico do proletariado? O Poder. Esquerda, portanto, é quem toma posição para o avanço deste interesse geral; aos que toma parte dos interesses parciais, por exemplo, aumentos salariais e direitos trabalhistas enquanto recusa totalmente a questão do Poder, também são centristas. Porém, há de sabermos utilizar essa medição para cada posição tomada, e entender que mesmo uma posição direitista pode vir a se tornar, numa mudança de conjuntura, uma posição legítima de esquerda, assim como vice-versa – isso é a dialética.

Passaremos agora à famigerada questão da pretendida união de toda a esquerda. Essa proposta é, quando analisamos, baseado no conceito esquerda-direita modernizado, considerando como esquerda o que de fato é centro ou mesmo direita. O PT é um partido, atualmente, de direita, pelas posições que toma em seu governo e à hegemonia direitista na luta interna, então abandonando todo o seu caráter centrista das décadas passadas, que era sustentado pelos intelectuais pequeno-burgueses do Partido. Portanto, como pode haver unidade onde não há o mínimo necessário para tal? O que têm em comum, referente aos interesses, os comunistas revolucionários (a esquerda) e os centristas? Há uma incompatibilidade no que se refere aos princípios de cada um: os primeiros pretendem a tomada de Poder por entenderem que esta é a questão fundamental para a solução das penúrias de causas históricas; os segundos compreendem que não se é necessário disputar o caráter de classe do Poder ou a destruição deste velho Estado, mas basta que se consiga conciliar as partes antagônicas num nível aceitável e contentável para todos (conter a ganância do imperialismo e classes dominantes locais para nivelar com os interesses dos operários e camponeses). Nota-se a incompatibilidade, e isso porque sequer tratamos profundamente da proposta de unidade com os direitistas fantasiados de “esquerda” (caso do PCdoB, PT, etc.).

Se há uma incompatibilidade na questão dos princípios, os que propõem a unidade da “esquerda” (leia-se unidade de todos os partidos com fraseologia populista com os comunistas revolucionários) na verdade propõem que abandonemos os princípios. Se abandonarmos os princípios, não haverá mais firmeza ideológica, caindo então no ecletismo ideológico (tão presente nos chamados “Partidos Comunistas” no Brasil) e rapidamente se terá a capitulação frente às forças reacionárias ou vacilantes da sociedade brasileira. Está aí o perigo da união de todos os partidos “de esquerda” para os comunistas revolucionários.

A máxima destes setores da sociedade brasileira que propõem essa unidade “de esquerda” é que precisaríamos defender o governo “de esquerda” que há no Brasil hoje, encabeçado pelo PT. Perguntamos: onde está esse governo, que nós não podemos ver, e quem dirá o povo, que sofre diariamente com os golpes (estes sim, verdadeiros e duros) que o governo lhe aplica? Caímos novamente naquela definição do o que é esquerda, questão que já trabalhamos aqui.

Os comunistas revolucionários devem trabalhar para reconstruir o Partido Comunista do Brasil, revolucionário e ideologicamente firme, guiado pelo marxismo-leninismo-maoismo e que, sob comando do proletariado, dirigirá as massas populares para a tomada do Poder, destruição deste podre Estado e construção dum novo, popular e de nova democrática, ininterrupto ao socialismo; e jamais perder tempo com a defesa de um governo direitista de vaga fraseologia (cada vez menos) “popular”
Bush e Lula, o sindicalista treinado no programa da CIA
 "Instituto Interamericano para o Sindicalismo Livre" (Iadesil).

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